segunda-feira, 3 de maio de 2010

Aceitação

Quase duas semanas passadas desde o incidente da piscina finalmente fez-se luz.
Ia no autocarro a olhar para um rapaz que estava sentado à minha frente, ainda a tentar convencer-me que eu só não o achava atraente porque era parva, que tinha a mania que era esquisita e que era por isso que nunca me tinha apaixonado e que o cabelo oleoso e as calças a caírem do rabo não deviam ser impedimento para considerar aquela pessoa como um potencial parceiro quando entrou uma rapariga.
Devia ter mais ou menos a minha idade, talvez um pouco mais velha e era muito bonita. Vinha a ouvir música, um bocadinho alheia a tudo o que se passava à sua volta e assim que se sentou enfiou os olhos num livro e não os tirou de lá o tempo todo.
Não sei se teria um sentido de humor aguçado ou se teríamos os mesmos gostos... mas a verdade é que os meus olhos ficavam muito mais confortáveis pousados nela do que em qualquer homem que fosse naquele autocarro (e eu bem que tinha olhado para eles!).
Finalmente apercebi-me de quão estúpida eu estava a ser.
Afinal qual era o problema?
Por saber que gostava de raparigas ia fazer mal a alguém? Não.
Por saber que gostava de raparigas ia deixar de viver a minha vida? Não.
Por saber que gostava de raparigas ia deixar de ser feliz? Não.
Por saber que gostava de raparigas passava a ser uma pessoa diferente? Não.
Por saber que gostava de raparigas punha em causa algum valor ou principio meu? Não.
Era completamente demente tentar convencer-me a ficar com um rapaz, mesmo sendo ele alguém que eu não achava minimamente interessante ou até alguém que eu achasse repelente só e apenas porque pertencia ao género masculino e isso tornava-no mais aceitável que qualquer rapariga, por mais adorável que ela fosse? SIM! Oh... um grande e gordo sim!
E assim se passaram as duas semanas mais angustiantes da minha vida até agora.

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